quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O CALDÃO


Moro perto de um local onde há um posto de ajuda humanitária. Sempre aparecem por ali pessoas necessitadas, rostos que já me são familiares.

O da foto, é um deles. Necessitado sim, mas faz ioga. Me pareceu muito justo. O bem-estar é para todos. Achei interessante e muito apropriado.  Eu mesma, em tese uma burguesa assalariada, morro de preguiça de me exercitar ou fazer qualquer atividade. Sinto que aquele ali, que vai pedir auxilio para suprir suas necessidade diárias é muito mais sábio do que eu. Bem, está certo que ele tem um cachimbo do lado, sinal que fuma, e eu não tolero cigarro (os fumantes que me desculpem). Mas isto já é outra historia.

Entre tantos destes que buscam ajuda, tem o Caldão. Quem deu o apelido foi o Arão. Não sei o motivo.  Mas também o apelido me parece apropriado.

O Caldão  é uma figura peculiar. O mais lhe chama a atenção é o fato de que, faça chuva ou faça sol, ele está de casaco de frio, daqueles bem grossos mesmo. E olha que o verão romano é quente.... muito quente.... eu diria, quentíssimo. Mas acho que o Caldão é prevenido. Afinal, logo chega o inverno (aliás, já chegou).

De noite, ele recolhe algumas caixas e dorme no pátio de entrada da igrejinha ao lado de casa. Tudo muito organizado, coloca suas malas e pertences de forma ordeira.

Carrega suas coisinhas num carrinho de bebê. Sempre em ordem (diferentemente do quarto de uma pessoa que eu conheço). Muito organizado, o Caldão.

Acho que o Caldão tem muito a nos ensinar.  Me parece um tipo feliz.

Outro dia, ele resolveu tomar banho. E Roma é pródiga em fontes que jorram incessantemente.  O que chamou a atenção é que ele tomava banho com o seu tradicional e já mencionado casaco de frio, sem tirar.  Enchia uma garrafa e jogava na cabeça, deixando escorrer por sobre o corpo, vestido mesmo. Se esta moda pega... 

Um comentário: