quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Il Vittoriano

Situado na Piazza Venezia, o Vittoriano é uma dos monumentos mais belos de Roma. Comparado aos tradicionais, é bastante "jovem": foi inaugurado oficialmente em 1911, para celebrar os cinquenta anos da unificação do país. Em estilo neoclássico, é repleto de simbolismos, com suas estátuas, inscrições e dedicatórias. Trata-se de um monumento grandioso, que chama a atenção de quem passa por ali e enche os olhos dos turistas.


Rei Vittorio Emanuelle II
Seu nome se deve ao Rei Vittorio Emanuelle II, o primeiro rei italiano e chamado de "pai da pátria". Há uma bela estátua equestre em sua homenagem, no lado externo.

Precisamos recordar que a unificação da Itália se deu tardiamente, com um movimento conhecido como Risorgimento, do qual o nosso conhecido e amado Giuseppe Garibaldi participou ativamente. Seu interior, aliás, abriga objetos que se referem ao "herói de dois mundos".

O lado externo comporta ainda o "altar da pátria", o qual guarda o corpo de um soldado desconhecido que combateu na Primeira Guerra, escolhido aleatoriamente pela mãe de um jovem que desapareceu na mesma guerra.

A entrada é grátis e indubitavelmente o local merece ser visitado. Recomendo uma subidinha à "Terraza delle Quadrighe"*, situada no alto do edifício, a qual proporciona uma bela vista de Roma. Paga-se para usar o elevador, mas vale a pena... se der, faça uma pausa para tomar um café no bar que fica no meio do caminho, que ninguém é de ferro...


* Se como eu você não sabia o que é uma "quadriga", vou poupar-lhe uma busca no dicionário (sou do tempo em que se usava um dicionário, o Aurélio, para desvendar tais mistérios). Trata-se de uma carruagem ou assemelhada puxada por quatro cavalos. Há duas estátuas destas no alto do edifício, razão pela qual o terraço recebe este nome. 

p.s.: a busca ao dicionário continua válida, provavelmente você vai aprender muito mais do que o significado mais preciso de "quadriga".


domingo, 20 de novembro de 2011

Vou de bici

Usar bicicletas como meio de locomoção é algo muito habitual na Europa, de forma geral. Na Itália também, em especial em algumas cidades. Ter um centro histórico, com vielas que dificultam o tráfego de veículos ajuda a explicar a tradição.
Sede de uma das mais antigas universidades da Europa, senão a mais antiga, e do primeiro Museu de História Natural do mundo, Bologna é uma cidade robusta. Tem várias torres e uma bela praça, a Piazza Maggiore, enfim, diversos marcos culturais. A numerosa quantidade de estudantes parece contribuir para aumentar o uso das magrelas na cidade. Pisa, também é um belo lugar. Com seus principais atrativos reunidos em um só local, a Piazza dei Miracoli, é bem fácil conhecer a cidade sem o uso de um automóvel. Rival de Pisa há séculos, Lucca também tem um centro histórico fácil de se conhecer pedalando.

Não existe nada de novo no assunto. Tampouco vou me aprofundar para falar da importância que o bom hábito de deixar o carro na garagem traz para o bem-estar do planeta.
 
Vou falar (mas só um pouco) sobre as bicicletas que vi nestas cidades e pela paixão que elas me despertaram. Não se tratavam de bicicletas caras, com toda aquela parafernália que normalmente chama a atenção no equipamento. E olha que a Itália tem tradição no setor e marcas conhecidas. Jovens, idosos, mulheres de saia, famílias, turistas, as bicicletas não selecionam o seu usuário. Enfeitadas, antigas, coloridas, ou simplesmente estacionadas em frente a um belo local, usando o fundo como uma moldura, dariam um belo cartão postal, fosse eu uma grande fotógrafa.

O meu post de hoje é, pois, mais para ver do que para ler (felizardo leitor). Apreciem sem moderação, o visual e a bicicleta.
                                                                                 
Bicicleta de madeira: escassez de ferro durante a Segunda Gerra Mundial
 

p.s.: sei que as motocicletas não são bicicletas... mas não resisto em colocar aqui a foto dos motorinos coloridos. Belíssimos. Italianos.

domingo, 13 de novembro de 2011

Arrivederci

Já estou debaixo das cobertas - o outono romano é quase o inverno sulista no Brasil - quando escuto os carros buzinarem pelas ruas. Buzinas pelas ruas de Roma é algo absolutamente normal. Quem morou em Brasília estranha profundamente tal hábito. Inicialmente, penso que se trata de mais uma rusga de trânsito. Mas, o continuar de tal barulho e os gritos de alegria que aumentam, fazem-me pensar que algo está acontecendo.  Fosse no Brasil, em dia de jogo de copa do mundo de futebol, imaginaria que se tratasse de uma vitória da amarelinha. Mas, estou na Itália e não é hora de nenhum jogo importante. Então, algo tem. Em poucos segundos, me dou conta: Berlusconi renunciou. Ligo a televisão e minhas suspeitas se confirmam. Pontos estratégicos estão cheio de pessoas (e de polícia), gritos de meus vizinhos nas janelas, desconhecidos cantam e fazem trenzinho pelas ruas, abrem prosecco (afinal, italiano que se preze abre prosecco para comemorar e não champagne)... e as buzinas continuam. A multidão invade a Praça do Quirinale, antigo palácio papal e atual residência do presidente da república italiana. Uma orquestra toca o "Aleluia"... neste momento, não posso deixar de rir, mesmo diante de tal problema. Dio santo! Preciso me controlar. Isto não é politicamente correto. O assunto é sério. A Europa está em crise e a Grécia também acaba de trocar seu comando. Espero que o velho continente passe bem por mais esta. Oxalá!
 
O Quirinale num dia de calmaria

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Asterix e Obelix a favore di Cesare

Muito bonitinha a cidade de Lucca, na Toscana. Fundada pelos lígures, invadida por etruscos, romanos, longobardos e francos, guarda dentro de suas muralhas renascentistas belas vielas e um centro medieval. Um dia, sem muita pressa, é suficiente para conhecer o local, a menos que você tenha algum especial interesse ou tempo sobrando, já que as cidades da Itália invariavelmente são muito agradáveis.
Vale a pena conhecer o local. A Piazza San Micheli com sua igreja merece uma visita, assim como a Piazza del Mercato e a  Torre delle Ore.

Lá vamos nós, esperando encontrar impressionantes obras do Renascimento e um núcleo urbano antigo com instalações medievais.
Alguns passos pela cidade, porém, e nos deparamos com pessoas um tanto quanto estranhas (não que eu seja preconceituosa, aceito bem a diversidade e, afinal,  sou   moradora de uma metrópole): eram super-homens, cachorros personalizados, mãos de tesoura, piratas... (e aí foi impossível não “reparar”). Pensei: “que coisa moderna”.

De repente, parecia que os personagens haviam pulado de um canal de desenhos animados para as vielas de Lucca, talvez por estarem cansados de trabalhar, já que 2011 está se acabando e a rotina de super-heróis e vilões não deve ser fácil... salvar o mundo (ou tentar destruí-lo), cansa.
A cidade histórica, que passou pela influência de tantos povos, estava novamente tomada por diversas tribos. Mas agora, todas juntas. Bem contemporâneo. Eu, entretanto, não estava preparada para trombar com vikings, cavaleiros da távola redonda, e ainda, com Obelix e Cesare numa charla animada no meio da rua.

Peculiar, Lucca. Muito interessante. Pouco vi dos monumentos, já que havia imensas tendas na frente deles. 
Enfim, Lucca merita una visita, mesmo que seja para se encontrar com a Minnie Mouse pela frente.
Ah, em tempo de justificar o porquê de tudo isso, fui em busca de informações e só então entendi que estava acontecendo na cidade um tal de festival internacional de comics... Como sou das antigas, não sei bem o que isto quer dizer. Talvez o Obelix possa explicar...



sábado, 5 de novembro de 2011

Turista sofre

Eu tive a falsa impressão, por muito tempo, de que ser turista era a coisa mais fácil do mundo. Ledo engano. Turista sofre. Viajar estressa. E como. Começa com o arrumar da mala. O que levar, levar roupas de inverno, de verão, ou de mais ou menos? Depois, aeroporto, a incerteza de conseguir pegar a conexão e a probabilidade de ter sua mala perdida. Já falei a respeito de uma mala perdida... Puro sofrimento. Nem vou mencionar a alfândega e a imigração... Mesmo com tudo em dia, sempre achamos que algo pode acontecer (e realmente pode, afinal shit happens).

Depois, já instalado, decidir o que fazer, qual passeio optar (normalmente você só tem pouquíssimos dias ou horas e muitas coisas para ver). Isto estressa a pessoa.

Outra coisa que causa grande apreensão ao turista é escolher não apenas o restaurante, mas, principalmente QUAL prato vai querer. Se a pessoa for habituada ao idioma e à culinária local, ótimo. Caso contrário, mais estresse. Normalmente aquilo que você pede não é aquilo que você imaginava ser. Mas a culpa não é do garçom, é do turista. E isto estressa.

Outro fator de sofrimento é o cansaço. Os Museus Vaticanos são belíssimos. Vale a pena fazer um belo passeio por lá e ser premiado com a Capela Sistina, ao final. Mas que cansa, cansa. Sem contar com a fila enorme para a compra do ingresso. Estressa.

Mas, uma das principais causas do sofrimento que acomete os turistas é a tal da foto que PRECISA ser feita. Tipo... aquela fazendo de conta que está segurando a Torre de Pisa, aquela imitando o gesto de Cesare, ou aquela na Fontana di Trevi. 



















São tantos os turistas iguais a você à sua volta, querendo fazer a mesma foto, que, invariavelmente, a maioria das fotos ao final da viagem não servirá  para nada. Grande parte delas será de você e de mais alguém (ou de parte de alguém) que você nunca viu antes (neste momento, começo a divagar e a pensar em quantas fotos minhas estão espalhadas pelo mundo, afinal, eu também sou turista de vez em quando e já devo ter atrapalhado centenas de fotos de outros viajantes). Até acontecer a foto ideal, você deverá fazer várias delas. E isto estressa e estressa também quem está na fila esperando para tirar a mesma foto, daquele melhor ângulo. Afinal, todo monumento que se preze tem um melhor ângulo. Se você acha que você também tem um melhor ângulo, a coisa piora consideravelmente. E para achar o melhor ângulo, vale praticamente tudo.


Ao final da viagem, começa tudo de novo: mala (que se tornou pequena demais para as coisas geralmente inúteis que você comprou), aeroporto, conexão, alfândega, imigração, cansaço e... fuso horário trocado. E depois, o sentimento de culpa por não ter visitado aquele local famoso, aquele restaurante que você leu no guia, a lojinha com preços imperdíveis que seu primo indicou e a igreja que sua mãe recomendou.

Resumindo... turista sofre.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Duas cagadas numa noite de verão

Sair na noite romana, no verão, é uma delícia. O sol demora a se pôr, a temperatura convida a uma caminhada, a um sorvete (deliciosos, por sinal)... e ninguém fica em casa.
Foi numa noite destas que fomos dar uma voltinha, eu, o Arão e a Regis (minha sobrinha). Saímos pela Via dei Fori Imperiali e quando chegamos ao final dela, a surpresa: tinha um cara “cagando”, no canteiro da praça. Os mais pudicos que me desculpem, mas não posso usar outro termo para substituir “cagar”. Se eu usasse “defecando”, “fazendo suas necessidades”, ou “obrando” (este termo é antigo, hein, os mais velhos ainda o utilizam), não seria a mesma coisa. Imagina escrever: “o cara estava defecando...”. Nada a ver. Cagar é um verbo de respeito e tem significado próprio. Nada se compara a uma cagada, seja ela no sentido real ou no figurado. E, na Itália, o termo é muito comum. Então, vou usar sem constrangimentos (confesso que um pouco de constrangimento sinto sim, afinal, nasci no interior, sou meio das antigas, mas não posso me render a isto).
Bem, voltando ao assunto, o cara cagou ali sim, mas tinha papel higiênico à mão e se limpou. Sim, senhor. Higiênico.
Seguimos nossa passeggiata  até a Fontana di Trevi, pela Via del Corso. Numa das vielas que desemboca no Corso, ouvimos umas risadas, gente tirando foto e... quando olhamos.... adivinha... uma turista “cagando”. Pois é, se você pensasse na probabilidade de quantas pessoas você encontraria cagando no meio da rua, numa mesma noite, numa mesma passeggiata, em Roma, você não diria que no mínimo duas, certo? Eu não diria.