domingo, 19 de fevereiro de 2012

Case Romane del Celio

Como já mencionei em outras ocasiões, e sem querer ser repetitiva, sair sem rumo certo pelas ruas romanas nunca será em vão.

Domingo chuvoso, uma caminhada para explorar o Campidoglio, descida rumo a Santa Maria in Cosmedin, vielas em busca de um restaurantinho, caminhada por um parque desconhecido cheio de ruínas, igrejas ainda não visitada e... de repente, uma placa indicando "Casas Romanas". Isto nos remete a séculos e séculos atrás. Isto só pode ser MUITO interessante.
Entrada pelo Clivo di Scauro, ao lado da Basilica dei Ss. Giovanni e Paolo

Entro e uma simpática argentina é a atendente, e explica as origens e a evolução da residência.

As escavações iniciaram-se em 1887 e trouxeram a luz mais de vinte ambientes, alguns deles, com afrescos; outros com pisos formados de mosaicos. Passou por fase pagã e depois, cristã. A tradição diz que foi local de martírio de dois oficiais da corte de Constantino, Giovanni e Paolo. Inicialmente, seria um edifício popular com pórtico e tabernas, depois, já no século III d.C., tornou-se uma domus, em cujo interior nasce um local de culto. Posteriormente, foi erguida a basílica dei Ss. Giovanni e Paolo sobre a edificação, que foi aterrada.

Para preservar o local, não é possível fazer fotos, mas no link www.caseromane.it é possível encontrar mais dados. Apreciei, de forma especial, os afrescos, cuja antiguidade é revelada pela inocência dos seus traços.

Os seis euros pagos para entrar valem a pena.

Ah, sob as casas romanas visitáveis, há pelo menos dois outros pisos, ainda não abertos a visitação.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Neve em Roma

Neve? Primeiro por fotos de revistas, jornais, na televisão. Depois, vista do Monte Fuji, de avião. Europa somente visitei fora da estação fria, não havia neve. Na Itália, vi a neve primeiro de longe, no trem. Depois, pessoalmente numa pequena estação de esqui (a primeira bola de neve). Mas a neve já estava ali, não testemunhei sua chegada. 

Há alguns dias, se falava que iria nevar em Roma. Expectativa, consultas aos sites de previsão de tempo, ansiedade.

Hoje, ela chegou.

Ligo em casa, todos estão pendurados na janela, apreciando. Agradeço a Deus por termos uma, e estarmos bem e abrigados (felizmente, algumas estações de metrô ficarão abertas de noite, para dar abrigo aos sem-teto).


Piazza Navona em um dia diferente

Vejo os turistas alegres, correndo como crianças pela praça. E aguardo ansiosa pela hora do almoço para receber meus primeiros flocos de neve pela face.

Para um brasileiro, quase sempre é uma novidade! Para Roma, também.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Uma reta só!

Sair para explorar Roma sempre nos reserva uma (ou mais) surpresas. Ontem, saí para ir até a Basílica di San Giovanni in Laterano, ou, São João de Latrão, para os lusófonos. Mas quando se sai a pé em Roma, não se passa imune pelas atrações que se encontram no caminho.

A partir do Colosseo, toma-se a Via di San Giovanni in Laterano para chegar até a Basílica. No percurso, está a Basílica di San Clemente. Uma pausa para explorá-la e uma grande descoberta: além de um belíssimo interior, tem dois pisos inferiores, que conduzem a dois mil anos de história. Como todas as igrejas que fui até hoje na Itália, não se paga para entrar. Se você quiser visitar os subsolos, o preço por pessoa é de cinco euros, e vale a pena.

Pátio

O primeiro subsolo guarda uma igreja do século IV, a igreja originária. A atual  foi construída sobre ela por questões de segurança. Hoje, é possível admirar alguns afrescos de época.

Cartaz com a recuperação de afrescos

Sob a velha igreja, escavações revelariam o que se acredita ser uma casa romana, bem preservada, com uma fonte de água cujo murmúrio atrai a curiosidade do visitante. Não tenho fotos, pois não são permitidas, mas você encontrará links na internet.

Segundo a tradição, San Clemente I foi o quarto Papa, tendo nascido em Roma e sido discípulo de Pedro e Paulo. Estaria enterrado na Basílica em questão, sendo o autor da Primeira Carta aos Coríntios.

Continuando sempre pela via di San Giovanni in Laterano, chega-se a praça onde está a basílica de mesmo nome. Uma das primeiras visões é a do obelisco, obra egípcia do século XV a.C., transportado para Roma. A igreja é uma das quatro basílicas papais, ou seja, tem uma porta e um altar papal. Imponente, é a Catedral de Roma, considerada mãe de todas as demais, inclusive da de São Pedro. Erguida por Constantino, já foi devastada por um terremoto e por dois incêndios, tendo sido reconstruída ou reformada desde a sua edificação em diversas ocasiões. 


Uma das entradas, a partir do obelisco

É possível também entrar pelo outro lado, digamos, pela entrada "principal". Logo a esquerda, encontrará um local para emprestar um audioguida, muito útil, mediante uma contribuição voluntária.

Fachada principal


O interior, como falei, é imponente. Teto e parte do altar papal

Também é possível visitar o claustro, uma das poucas partes da basílica que sobreviveu ao terremoto e  aos incêndios, guardando seu aspecto original, o qual abriga partes das primeiras edificações do local.

O claustro

Foi nesta basílica que em 1929 Mussolini e a Igreja assinaram o Tratado de Latrão, que formalizou a existência do Estado do Vaticano.

Seguindo um pouco mais adiante, chega-se a Igreja de Santa Croce in Gerusalemme. Segundo a tradição, abriga algumas relíquias e seu nome se deve ao fato de ter sido jogada terra de Jerusalém em seu piso.

Santa Croce in Gerusalemme

Por falar em redondezas, enquanto esperava que a igreja abrisse, fui até a Porta Maggiore, uma das portas do Muro Aureliano, de idade romana.


Tudo numa reta só! Perder tempo vagando por Roma sempre é gratificante.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Muito além da moda!

Milão nunca foi algo decidido na minha cabeça. Tinha minhas duvidas se iria ou não gostar da cidade. Talvez muito moderna, talvez muito metrópole, talvez muito oposta a Roma... havia algo que não me deixava decidir se, efetivamente, a cidade seria uma das minhas preferidas.

Galleria Vittorio Emanuele


Minha surpresa foi, portanto, positiva, ao chegar e me apaixonar pela cidade. Não havia grande tráfego, ao menos, dentro daquilo que eu imaginava. Não estava cheia de turistas. O pessoal do hotel,  dos restaurantes e dos museus eram simpáticos (muitos, esforçando-se para falar Português). Talvez, uma conspiração milanesa para que eu gostasse dela. 


Acredite: anda-se de bicicleta em Milão!

Como ia ficar pouco tempo, precisei dinamizá-lo. Catedral com Duomo, Ultima Ceia do Da Vinci, Teatro Alla Scalla, Galleria Vittorio Emanuele e as ruas ao seu entorno, e o Castello Sforzesco. Bom, sei que muito ficou de fora, mas não dava mesmo pra ver tudo.

A Catedral ou simplesmente Duomo, fica na praça central e de mesmo nome. De estilo predominantemente gótico, demorou séculos até ser totalmente construída. A entrada é gratuita, apenas a subida (opcional) até o duomo é paga, mas vale a pena. A cidade vista lá de cima é encantadora.

Duomo

A internet é realmente um instrumento valioso. Foi por seu intermédio que descobri que era preciso comprar o ingresso para ver a Ultima Ceia, ou Cenáculo, de Da Vinci, com antecedência. Era a principal obra que eu queria ver na cidade. Com sorte consegui ingresso e pude apreciar por exatos quinze minutos que duram a visita a grande obra. Trata-se de um afresco que fica no antigo convento de Santa Maria delle Grazie. A cidade foi bombardeada durante a Segunda Guerra, o convento foi seriamente avariado, mas a obra se salvou. Estar diante dela foi realizar um sonho. Ficou mais famosa depois de Dan Brown, mas meu interesse é anterior. Devo confessar, entretanto, que sim, fiquei tentando ver se João se parece com Maria Madalena... mas isto é algo menor, não se deixe impressionar pela literatura, aprecie os afrescos, que vale muito mais a pena.

Igreja ao lado do convento cujo refeitório abriga a grande obra de Da Vinci

Não havia espetáculos no famoso teatro milanês, vi apenas um pouco de seu interior enquanto uma recepcionista prestava informações a alguns interessados. Mas foi o bastante para ter uma ideia da sua suntuosidade. O exterior relativamente simples não revela o que o interior guarda.

O famoso Teatro Alla Scalla

A Galleria Vittorio Emanuele é belíssima e liga a praça do Duomo a praça do Alla Scalla. Suas arcadas de vidro são a sua cara. Caras também são as suas lojas (desculpem-me, mas não pude deixar de fazer o trocadilho). Mas passar por ali e apreciar o belo não custa nada.

Galleria e Duomo

A cidade estava em plena época de "saldos", mas como sou adepta dos três "R", não comprei nada... acreditem, fui a Milão na temporada de liquidações não comprei nem mesmo uma blusinha.

O Castello Sforzesco


Para terminar, uma volta (somente no externo, por causa da falta de tempo) pelo Castello Sforzesco. Muito sólido e imponente, passou por diversas dominações.

Acredite. Milão vale muito a pena, mesmo que seja para não comprar nem um alfinete.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A arte de rua


Tá bom! Eu sei que em todos os lugares se encontra relativamente fácil a arte de rua. Mas se estou falando da Itália (mais especificamente de Roma, neste momento), devo prestigiar o local e falar de SUA arte de rua. Além disso, competir com ruínas romanas (e suas estátuas) e com o Renascimento (e suas belas pinturas e esculturas clássicas), não é nada fácil. Artista de rua em Roma sofre...

A arte de rua, entretanto, tem lá as suas vantagens, não precisa provar nada pra ninguém, nem carece de aprovação acadêmica. Precisa muito mais agradar, e de imediato, o gosto popular. Sua aprovação tem de acontecer todos os dias, senão, não se sobrevive. Este é o grande desafio diário do artista que faz das calçadas a sua galeria ou o seu palco.


Domingo destes, andando por perto do Gheto, deparei-me com um pintor de palets e outros materiais afins. Em frente a uma escadaria de uma das tantas igrejas romanas, ele expunha suas obras. Simples, ingênuo, belo!


O músico de rua também povoa toda Roma, em cada praça, em cada via, há um deles. Na Piazza Navona, concorrem diariamente. Na Via dei Fori Imperiali, aos domingos, quando ela fica fechada para os carros. São diversos os estilos, cabem todos os gostos. Aprecio muito um grupo já mencionado em outro blog (http://anaingiro.blogspot.com). Mas há outros artistas que sempre ali comparecem, e outros que surgem e desaparecem do nada, muitos deles, igualmente apreciáveis. Na frente deles, invariavelmente, um chapéu para receber uns trocados ou discos à venda.

Via dei Fori Imperiali num domingo ensolarado: estátuas dos Cesares, artistas de rua, ciclistas, pedestres com e sem cachorros: uma grande e bela confusão

Alguns destes artistas me chamam a atenção e vejo neles um especial valor. Sinto-me tentada a me tornar um "mecenas". Falta-me, no entanto, o cacife dos Medici. Então, admiro-os e os incentivo. E os agradeço internamente por tornarem a minha estrada mais colorida e musical.