sábado, 5 de novembro de 2011

Turista sofre

Eu tive a falsa impressão, por muito tempo, de que ser turista era a coisa mais fácil do mundo. Ledo engano. Turista sofre. Viajar estressa. E como. Começa com o arrumar da mala. O que levar, levar roupas de inverno, de verão, ou de mais ou menos? Depois, aeroporto, a incerteza de conseguir pegar a conexão e a probabilidade de ter sua mala perdida. Já falei a respeito de uma mala perdida... Puro sofrimento. Nem vou mencionar a alfândega e a imigração... Mesmo com tudo em dia, sempre achamos que algo pode acontecer (e realmente pode, afinal shit happens).

Depois, já instalado, decidir o que fazer, qual passeio optar (normalmente você só tem pouquíssimos dias ou horas e muitas coisas para ver). Isto estressa a pessoa.

Outra coisa que causa grande apreensão ao turista é escolher não apenas o restaurante, mas, principalmente QUAL prato vai querer. Se a pessoa for habituada ao idioma e à culinária local, ótimo. Caso contrário, mais estresse. Normalmente aquilo que você pede não é aquilo que você imaginava ser. Mas a culpa não é do garçom, é do turista. E isto estressa.

Outro fator de sofrimento é o cansaço. Os Museus Vaticanos são belíssimos. Vale a pena fazer um belo passeio por lá e ser premiado com a Capela Sistina, ao final. Mas que cansa, cansa. Sem contar com a fila enorme para a compra do ingresso. Estressa.

Mas, uma das principais causas do sofrimento que acomete os turistas é a tal da foto que PRECISA ser feita. Tipo... aquela fazendo de conta que está segurando a Torre de Pisa, aquela imitando o gesto de Cesare, ou aquela na Fontana di Trevi. 



















São tantos os turistas iguais a você à sua volta, querendo fazer a mesma foto, que, invariavelmente, a maioria das fotos ao final da viagem não servirá  para nada. Grande parte delas será de você e de mais alguém (ou de parte de alguém) que você nunca viu antes (neste momento, começo a divagar e a pensar em quantas fotos minhas estão espalhadas pelo mundo, afinal, eu também sou turista de vez em quando e já devo ter atrapalhado centenas de fotos de outros viajantes). Até acontecer a foto ideal, você deverá fazer várias delas. E isto estressa e estressa também quem está na fila esperando para tirar a mesma foto, daquele melhor ângulo. Afinal, todo monumento que se preze tem um melhor ângulo. Se você acha que você também tem um melhor ângulo, a coisa piora consideravelmente. E para achar o melhor ângulo, vale praticamente tudo.


Ao final da viagem, começa tudo de novo: mala (que se tornou pequena demais para as coisas geralmente inúteis que você comprou), aeroporto, conexão, alfândega, imigração, cansaço e... fuso horário trocado. E depois, o sentimento de culpa por não ter visitado aquele local famoso, aquele restaurante que você leu no guia, a lojinha com preços imperdíveis que seu primo indicou e a igreja que sua mãe recomendou.

Resumindo... turista sofre.


Um comentário:

  1. sem contar as encomendas que algumas pessoas fazem (ex. queijo) e que você tem que socar na mala.....

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